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Quando a Comunicação de Marca falha: o contrassenso entre manifestos e sustentabilidade

  • melbaporter
  • 15 de ago. de 2024
  • 2 min de leitura

Estive investindo tempo em leituras sobre elementos distintos da comunicação, que servem a ampliar valor de marca.  E fiquei surpresa ao ver um enorme contrassenso (ou seria falta de alinhamento na comunicação integrada de marketing) de uma grande marca de esportes.  Grande mesmo!


De um lado, a marca lança um vídeo manifesto dizendo “Não tenho empatia. Não te respeito. Nunca estou satisfeito. Tenho obsessão pelo poder. Sou irracional. Não tenho remorsos. Não sei o que é ter compaixão. Sou extravagante. Você acha que sou uma pessoa má? Me diz. Sou?”.  De outro, patrocina uma das mais brilhantes atletas da nova geração.  E aí me vem à cabeça a associação muito bem-feita do esginsights.com.br desse tipo de campanha com o conceito de sustentabilidade. 


Acompanhem o raciocínio em relação ao que vemos como contrassenso:


- Marcas esportivas possuem público-alvo amplo e jovens como a atleta patrocinada certamente estão nele, haja vista o patrocínio da marca.  Muitos jovens possuem valores diferentes dos apontados no manifesto.  Quem diz isso é a própria atleta patrocinada em post no X de 20 de julho último.  Nele, ela cita “aqui a gente torce uma pela outra...não tem nada de rivalidade dentro de pista...nunca existiu e se acontecer vai ser lá por 2070, porque na minha geração isso não vai ter não”.   Podemos notar a personalidade da atleta no post (e até reconhecer que nem todos os jovens são assim), mas o fato é que essa jovem é garota propaganda da marca esportiva do manifesto citado.


- Quando abordamos sustentabilidade organizacional, estamos falando dentre outras coisas de começar para ontem a pensar de forma diferente como as empresas estruturam, funcionam e entregam sua proposta de valor.  Isso constrói ponte para o futuro.  Alinhamento de todos os elementos comunicacionais, sem oportunismos, sem contrassensos auxilia na perenidade da marca.


 - É contraditório com pressupostos de ESG e sustentabilidade o vídeo manifesto (um elemento comunicacional) com o que é exposto em outros materiais de comunicação institucional, nos quais tal empresa se descreve como um espaço em que “nossos colegas de equipe se sentem vistos, ouvidos e incluídos”.


Não é à toa que tal marca vem enfrentando momento turbulento após registar queda significativa nas vendas e uma das maiores retrações de suas ações desde a abertura de capital em 1980, instalando uma crise de confiança entre os acionistas.  Sem falar na forte concorrência e a falta de estratégias proativas que possam justificar uma renovada confiança na marca. 


E é justamente aí que fica a pergunta: até quando as grandes marcas vão continuar apostando em contradições que só enfraquecem sua credibilidade? No mundo de hoje, sustentabilidade é mais que um discurso bonito—é uma necessidade inegociável.


E você, está disposto a comprar uma ideia que não se sustenta?



 
 
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